sábado, 3 de maio de 2014

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Três folhas!
Três folhas, singelas, pousaram na cabeleira longa e ruiva. Com pernas finas, a cabeleira corria sob a "komorebi", a luz do sol que as folhas filtravam.
Um riso a cada tropeço. Duas mãos que, unidas, lentamente se afastavam.

Dois dedos!
Dois dedos, que mal se encostavam, era só o que os unia. Cada vez menos risos, cada vez mais tropeços. Era agora ofegante por correr, e a cabeleira seguia com suas três folhas.
Lembrava, mas a luz do sol ofuscava sua memória.

Um!
Um, só. "O olhar procura, antecipa a dor no coração - vermelho". A brisa do outono não tinha mais luz.
Aki ga tatsu. (começou a soprar a brisa do outono.)

quarta-feira, 23 de abril de 2014

terça-feira, 22 de abril de 2014

Mocinha

"Mas ora, claro que és bonita!" - fora o início da quebra de seus estigmas.
O mundo ainda era novo e todos os passos tinham cheiro de flor. Aos olhos da criança, nada parece errado. Faltam-lhe os olhos treinados para enxergar mais longe e mais a fundo. Falta-lhe a retina adaptada à pouca luz do coração, sempre nebuloso.
As pedras são muitas, como sempre o são, mas a montanha é mais íngreme do que o corpo suporta. Pisa em falso. Cai.
Do sopé, a distância que separa dos que ficaram se torna alimento, luz e força. Crescia a cada cicatriz, até que os novos olhos encontravam de frente as mesmas pedras.

Não seguiu pela mesma trilha, e os novos passos viam outras flores. "Mas ora, claro que és bonita!" - não mais a surpreendeu. Com mais firmeza, tinha (talvez) um pouco de voz ativa em si. 

Retransformou-se.