terça-feira, 14 de junho de 2011

Mareio

- Tá frio.
- É, tá frio.
- Não quer ir lá pra dentro?
- Não, aqui tá bom.
Batia forte na cara, a brisa que vinha. O frio ardia e queimava mais ainda as bochechas do pequeno.
Sentado na proa, recebia o cheiro salgado de frente, peitava o cheiro salgado daqueles mares. Com uma coragem nunca vista, desbravava caminhos inexplorados, enfrentava monstros aterradores e acordava com qualquer balanço mais vigoroso. O pequeno gostava daquilo.
Passou a mão pelo lenço na cabeça e suspirou. Lenço não fica bem, pensou a mãe. Iria já trocar por um elástico qualquer, mas parou no meio dos passos.
Um estrondo.
Apenas mais uma panela que caiu, apenas mais uma panela que caiu com o mareio, apenas mais uma.
Mas o Destino gostava de supreender.

Dessa vez, o magrelo cãozinho vira-lata resolvera derrubar a cadeira do comandante.
Que não mais ali estava.

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