quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Cálice

Acho que me falta tolerância. Acho que me falta crítica. Me falta esperança, me falta tristeza, me falta alegria. Me falta coragem. Me falta confiança. Me falta desconfiança. Me falta burrice, me falta saber. Me faltam cadeiras, mesas, salas de jantar. Me faltam discussões. Me falta calma. Me falta água com açúcar. Me falta raiva. Me falta ódio, me falta amor. Me faltam livros, me faltam filmes, me faltam músicas e rádios. Me faltam ossos. Me faltam olhos, ouvidos, bocas. Me faltam cheiros. Me falta interesse. Me falta busca, me falta um destino. Me faltam aventuras. Me faltam florestas, árvores, rios. Me faltam lágrimas. Me faltam copos. Me faltam rostos. Me faltam risos. Me faltam Saras, Helenas, Polettos. Me faltam escadas. Me faltam poemas. Me faltam palhetas, violões. Me faltam Costas. Me faltam semanas. Me faltam aulas. Me faltam professores. Me falta rigidez. Me falta dormir, acordar, dormir, acordar. Me faltam bolinhos. Me faltam atrasos, me faltam faltas. Me faltam telefones, ligações. Me faltam Ricardos. Me faltam baixos, pianos, guitarras, baterias. Me falta arrependimento. Me faltam papéis e lápis. Me faltam cadernos. Me faltam cartas. Me faltam metades. Me faltam facas e queijos. Me faltam mãos. Me faltam teclados. Me faltam letras, me faltam palavras. Me falta ouvir. Me falta enxergar. Me faltam cinemas. Me faltam pipocas e refrigerantes. Me faltam horas, relógios. Me falta tempo. Me faltam impressoras. Me falta luz, me falta energia. Me faltam cabos. me faltam guindastes, tratores, empilhadeiras. Me faltam construções. Me falta um pedaço de ti. Me falta o nada. Me falta tudo.

E me sobra o resto.

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