Abriu o e-mail num gesto mecânico.
"O que eu sinto, foi o que perguntastes...Pois creio que essa resposta ainda não foi encontrada, nunca foi e nem será. Se apenas nós sentimos o que queima essas nossas entranhas, como podem os outros procurá-la? Sobra a gente.
E a gente muda, ora sente, ora não. Quando sente, nos arrebata de forma tão intensa que ficamos mudos, surdos e cegos do que virá, do mundo. Agora, nosso mundo está ali, à nossa frente e o resto não existe.
Esse é meu mundo, volta e meia. Os outros são meros figurantes. Nesse mundo, o mero tropeço (em todos os seus sentidos intrínsecos) nos mata. Do quê? Vergonha, medo, raiva, lembrança, tudo ou nada disso. Nese mundo, há a possibilidade.
E qualquer que seja a sombra de uma tesoura vindo cortar esse fio de não-tempo, meus olhos se tornam vermelhos e minhas mãos querem agir sozinhas. E se esse mundo é unilateral, mesmo um olhar provoca a barbárie, um mero encostar de costas leva à depressão.
E faz parecer de propósito. E piora, e piora mais.
Quando essa sombra se afasta ou nem chega a cobrir a luz do sol, parece.
Aí tu me pergunta: mas parece o quê?
E eu te respondo: a felicidade."
Cegou, emudeceu, ensurdeceu.
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