quinta-feira, 21 de abril de 2011

Dezoitoras perto do meio-dia

Você pega três chocolates na geladeira e senta em frente ao computador. Ninguém para falar contigo, nenhuma idéia vindo à sua mente crua. Você então levanta e sai andando pela casa, imaginando o que poderia acontecer, o que poderia ter acontecido e o que aconteceu. Se decepciona com o resultado e abre a janela da sala. Senta novamente, lê a mensagem que recebeu, continua cabisbaixo. Levanta as sobrancelhas e crispa os lábios, o olho direito arregalado e o outro dormindo. Coloca o celular em cima da folha de papel à sua frente, que insiste em voar para longe. O vento atravessa a janela e empurra seu cabelo para os olhos. Você levanta a mão para ajeitá-lo e não resiste em passá-la suavemente pela lateral do rosto, imaginando o extinto.  Se sente idiota e pensa em seu eu estúpido. Você escreve, e não é isso o almejado. Facas fatiam seu estômago e adentram seu âmago. O livro sobre a estante continua lá, e nao será por milagre que ele lhe dará uma idéia. É de dia, e as luzes não estão acesas, mas o sol brilha no poente. O céu alaranjado não te lembra nada, sua consciência se esvaiu. Uma respiração mais profunda e o pulso acelerado, de repente, te lembram do amanhã. Você espera uma ligação, mas não sabe quando ela virá. Até lá, devemos encontrar uma distração, algo que acomode. A música que você ouve lhe traz um cheiro familiar de longe. Você procura a perfeição, mas alcança um pouco além do plágio. Você quer acelerar o tempo, comandar as chuvas e os corações, e o melhor que criou até hoje ninguém viu. Você é o meio-termo, o equilíbrio, e não sabe.

Um comentário:

  1. ah! muito bom!
    escreveu uma coisa tão pessoal e tão universal ao mesmo tempo.
    Sempre tem o momento de se sentir idiota mesmo.

    ResponderExcluir